O vício em compras, online ou não online, pode ter efeitos prejudiciais na vida de uma pessoa. Este vício pode impulsionar problemas psicológicos e problemas ao nível das relações sociais.
Embora a compulsão por compras possa levar a uma série de problemas, esta ainda não é reconhecida como um vício ou adição no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-5). Contudo, com o aumento e facilidade das compras online nos últimos anos, tem sido considerado por vários profissionais como um problema que pode levar a outros problemas. Alguns estudos científicos têm observado que pessoas que compram compulsivamente podem ter um maior risco maior de desenvolver outras doenças mentais, incluindo adição ao jogo, assim como outros vícios comportamentais, como por exemplo, sexo e internet.
Além da questão monetária, o vício em compras representa um grave problema quando analisada a componente psicológica da pessoa com a compulsão em causa. Vários estudos indicam que a falta de possibilidade de gastar dinheiro em compras online tem originado situações de ansiedade extrema nalgumas pessoas.
Nesse sentido, é claro que o problema do vício em compras online afeta não só a carteira como as relações pessoais e interpessoais. Se por um lado o dinheiro gasto, e porventura a criação de créditos sucessivos cria um maior endividamento ao longo do tempo, por outro, esta compulsão leva a que haja um afastamento das pessoas mais próximas. A pessoa com vício em compras deixa de ter autocontrolo e, consequentemente, entra em mais conflitos com quem lhe é próximo.
Além disso, como ainda não é amplamente reconhecido como um vício comportamental, a compulsão por compras é muitas vezes negada pelo próprio. Não considerando que se trata de um problema, a tendência é recusar ajuda profissional para inibir os comportamentos de compulsão.
Nos dias de hoje esta adição tem-se revelado cada vez mais preocupante pela facilidade de desenvolvimento. Com a criação de lojas online, disponíveis 24 horas por dia/7 dias por semana, o impulso é maior e o consumo também.
O facilitismo e a acessibilidade geram problemas no consumo que podem começar em jovens, levando a um maior desequilíbrio em termos de necessidade vs impulso do momento.
Para muitos, o simples ato de entrar no site e começar a adicionar produtos ao carrinho é como um ritual, que se parece com comportamento de uma perturbação obsessivo-compulsiva. Por sua vez, o vício em compras escala a partir do momento em que a ação vai além da escolha e começa a recair na compra compulsiva de produtos, que muitas vezes não têm real necessidade por parte de quem os compra.
Como em qualquer outro tipo de perturbação mental, é possível utilizar mecanismos e estratégias que ajudem a lidar com a mesma. Em VillaRamadas utilizamos em grande medida a terapia de base cognitivo-comportamental para este tipo de adições comportamentais.
Um dos primeiros passos do processo terapêutico passa por identificar os pensamentos associados à compulsão, procurando desvendar os motivos que estão por detrás da compra compulsiva. Após a identificação destes pensamentos, deve trabalhar-se nos mecanismos para lidar diretamente com os triggers que incentivam a compra compulsiva.
Se pensa estar viciado em compras online, pense em adotar pequenas estratégias para começar a soltar-se dessas “amarras”. Cancele as subscrições de newsletters de lojas para evitar receber múltiplos e-mails de promoções, bloqueie alguns sites e, até mesmo se for necessário, comece a bloquear alguns cartões de crédito. Em último caso, pode criar um sistema em que o pagamento é apenas aceite se for confirmado por outra pessoa, que o possa ajudar a controlar os gastos.
Os impulsos irão continuar a surgir, especialmente em termos online, onde o acesso a compras é facilitado, mas é importante que estes sejam reconhecidos. Se perceber que está perante um impulso, poderá utilizar as ferramentas aprendidas em terapia para reagir contra este. O nosso modelo de intervenção, o modelo Change & Grow pretende conceder-lhe as ferramentas e estratégias necessárias para conseguir lidar com estes tipo de impulsos.
Durante a terapia é também importante o foco em questões como a autoestima e gestão emocional, para alterar hábitos e comportamentos. Na nossa equipa acreditamos que estes são fatores importantíssimos para a recuperação e por isso trabalhamos neles durante as sessões de terapia.
Lembre-se, os impulsos que tem agora poderão continuar, mas o segredo está em descobrir as ferramentas certas e lidar com eles. Não ignore este problema, que é real, e peça ajuda. Conte connosco para o(a) ajudar a encontrar o equilíbrio na sua vida.