Dado que o vício da internet deriva de fragilidades e inseguranças mais profundas da pessoa, o tratamento deve perspetivar o indivíduo no seu todo e não apenas a parte da sua adição.
É, assim, um processo de autoconhecimento e de autoaceitação.
O tratamento para a dependência do telemóvel e vício da internet vai ajudar os “prisioneiros” desta tecnologia a libertarem-se dos seus medos verdadeiros e a redirecionar os seus valores e prioridades. Esta estruturação permitirá ao paciente adquirir ferramentas que lhe facultem o controlo dos seus pensamentos obsessivos e, por conseguinte, da compulsão de estar horas a fio a navegar na Internet e a “perder-se” de si mesmo.
Gerir o tempo de forma diferente, possibilitando a realização de mais e diferentes atividades prazerosas, mas também a realização deveres, é essencial. O indivíduo começa a sentir-se mais produtivo e, consequentemente, a sua auto-estima é reforçada, assim como as relações sociais e familiares “físicas”. Este é um dos grandes objetivos do tratamento: criar uma rede de apoio no mundo real, a fim de abrandar a dependência psicológica e conquistar o controlo sobre a vida real.
A falsa segurança de ter a possibilidade de estar sempre contactável e de contactar dará lugar à segurança real de se sentir bem consigo mesmo, dentro de si. O paciente vai perceber que a sua maior necessidade é a de se comunicar consigo, permitindo-se ouvir o seu íntimo e dialogar com os seus sentimentos, sem precisar de intermediários. Apoio, dicas e orientações terapêuticas específicas constituirão ferramentas preciosas para enfrentar dificuldades e problemas da vida.
Em tratamento, o paciente torna-se capaz de reconhecer os elementos que o fazem desencadear os seus comportamentos: perceber os pensamentos e sentimentos antes e durante a ligação ao telemóvel ou à internet permite alcançar a compreensão do objeto de fuga. Para isto, devem refletir-se em questões como: que será que eu estava e pensar antes de aceder à internet? O que estava a sentir? O que aconteceu?
Ainda, a obtenção de informação relativamente a este tipo de dependência, por parte dos familiares, reduz a censura destes para com a pessoa, estimula a comunicação entre todos e cria disponibilidade para o apoio, quer no decurso do tratamento, quer após o seu término.
Numa altura em que as consequências do uso excessivo da internet são evidentes, poderá tornar-se essencial que haja uma intervenção especializada que permita ao indivíduo distanciar-se dos seus gadgets e da sua apatia e falta de regras ou responsabilidades, para compreender aquilo que realmente se passa consigo mesmo.
O trabalho continuado da equipa terapêutica e a gradual aproximação ao grupo que estará 24 sobre 24 horas com o sujeito desempenham um papel crucial na sua recuperação do vício da internet. Este poderá constatar na coesão do grupo a confirmação de que, independentemente do que levou cada um ao centro de tratamento, a força da obsessão é idêntica para todos. Aos poucos, vão-se estabelecendo, entre todos os intervenientes do processo de internamento, relações de confiança mútua devido à partilha de identificações que vai surgindo entre todos. O dependente da Internet começa, assim, a adquirir a humildade de pedir e aceitar ajuda.
Os grupos de terapia permitem uma riquíssima troca de experiências, a verbalização, não só de factos ou acontecimentos, mas dos sentimentos relacionados, um sentido de união, uma intuição de igualdade. Além disto, fazem-se e acatam-se sugestões, dá-se e recebe-se carinho.
O anonimato, que é muitas vezes procurado pelo dependente da Internet, deixa de ter importância, passando este a sentir-se aceite por aquilo que realmente é e não sabia como definir.
Em terapias individuais, tão frequentes quanto o necessário, o adicto à Internet colhe ensinamentos, elementos de reflexão e a perceção das razões que o levaram a escapar-se de si e do mundo mediante a sua dependência e vício da internet. Dá-se, assim, um impulso e uma direção para a mudança.
A terapia cognitivo-comportamental fornecer-lhe-á pistas para, não só assimilar o seu problema (pois a negação é o principal obstáculo ao tratamento), mas, igualmente, para o dominar.
No tratamento são desenvolvidas estratégias novas, diferentes e úteis para que o paciente se consiga autorregular relativamente à internet. Esta é uma ferramenta extremamente usada hoje em dia e tornar-se-ia difícil ou mesmo impossível deixar de a usar. Assim sendo, espera-se que o paciente se torne capaz de a usar menos e de forma mais equilibrada, limitando, deste modo, a sua influência e o seu alcance psicológico.
Se sente que a nossa ajuda lhe possa ser útil não hesite em nos contatar.